Nascido em Cegled em 1908, na então Áustria-Hungria, György Pál Marczincsák graduou-se pela Academia de Artes de Budapeste em 1928. Trabalhou como chefe do departamento de animação dos estúdios da Ufa em Berlim até 1932. Com a tomada do poder pelos nazistas, exilou-se, em 1933, na Holanda, onde realizou uma série de publicidades em animação, em especial para a empresa Philips, como o musical Philips Cavalcade (1934).
Nessa época George Pal desenvolveu seu conceito de uma animação tridimensional nunca vista antes: o Puppetoon (nome derivado das palavras “puppet” e “cartoon”), feito de graciosas figurinhas de madeira pacientemente animadas em stop motion, fotografadas em Tecnicolor e ilustrando temas musicais. Com a ocupação nazista da Holanda, George Pal partiu para a Inglaterra, seguindo depois para Nova York. Foi então convidado pela Paramount para produzir seus “Puppetoons”. Em 1941, ele se estabeleceu em Hollywood onde, por seis anos, produziu mais de 40 “Puppetoons”, entre os quais Tulips Shall Grow (“Tulipas crescerão”, EUA, 1942, 6’59’’, cor, animação).
Nesta espetacular animação de propaganda antinazista, Jan e Jeanete vivem inocentes e apaixonados numa idílica paisagem holandesa, com moinhos e tulipas. Mas esse mundo de sonho é destruído com a chegada de um monstruoso exército de parafusos que não deixa pedra sobre pedra. Evocando a hecatombe do bombardeio de Rotterdam a 14 de maio de 1940, que matou 1000 civis e deixou 78.000 pessoas desabrigados, com 2,6 quilômetros quadrados do belíssimo centro urbano da medieval cidade portuária reduzido a pó, a animação envia ao mesmo tempo uma mensagem de esperança ao povo holandês: o famoso “V” da Vitória é estampado pelas nuvens no céu, depois que uma tempestade se abate sobre o exército de parafusos, enferrujando seus tanques, aviões bombardeiros e o general metálico, que terminam por se dissolver na terra. Apesar de toda a destruição, as tulipas voltarão a crescer… Tulips shall always grow – tulipas sempre crescerão – estampa o letreiro final.
George Pal ganhou um Oscar honorário pelas proezas técnicas de suas animações em 1943. Em seu estúdio de animação trabalhavam, entre outros animadores e criadores de efeitos, Willis O’ Brien e Ray Harryhausen, Wah Chang e Gene Warren. A partir de 1948, George Pal passou a produzir filmes em live-action, para os quais criava conceitos visuais surpreendentes: The Great Rupert (1950) e Destination Moon (1950), de Irving Pichel; When Worlds Collide (O fim do mundo, 1951), de Rudolph Maté; Houdini (Houdini, o homem miraculoso, 1953), de George Marshal; The War of the Worlds (Guerra dos mundos, 1953), The Naked Jungle (A selva nua, 1954) e Conquest of Space (1955), de Byron Haskins. Foi nessa área um precursor de cineastas-produtores como George Lucas e Steven Spielberg.
Entre 1958 e 1964, George Pal dirigiu cinco longas-metragens no gênero fantástico: Tom Thumb (O Pequeno Polegar, 1958); The Time Machine (A máquina do tempo, 1960), baseado na novela de H. G. Wells; Atlantis, the Lost Continent (Atlântida, o continente perdido, 1961); The Wonderful World of the Brothers Grimm (1962), co-drigido por Henry Levin; e 7 Faces of Dr. Lao (As 7 Faces do Dr. Lao, 1964). Falecido em 1980, George Pal foi um pioneiro da animação que conseguiu transformar, com seu estilo visionário, a técnica do stop-motion numa verdadeira arte.