O DESCASO DAS MÍDIAS

É muito triste constatar o sistemático esquecimento dos escritores e artistas brasileiros.

Enquanto nos EUA, na Europa, na Austrália e em outros países civilizados escritores e artistas são sempre homenageados e lembrados até em selos comemorativos, aqui escritores e artistas podem dar-se dar por felizes se conseguirem publicar uma carta na seção de leitores de um grande jornal para lembrar ao mundo que existem.

Foi o caso do pioneiro da animação abstrata no Brasil, Roberto Miller, quando ele se humilhou lembrando os leitores da Folha seus 30 anos de atividade no cinema de animação, alguns anos atrás.

Eu cheguei a assistir a uma palestra dele sobre Norman McLaren, onde ele exibiu uma série de animações abstratas daquele gênio, e algumas animações que ele fizera inspiradas na obra do mestre, utilizando a mesma técnica de animação sem câmera, com imagens desenhadas diretamente na película.

Como Miller estava em contato com McLaren, pedi maiores informações sobre aquele animador, e Roberto Miller me passou o endereço do National Film Board.

Escrevi para McLaren e recebi uma linda resposta às minhas perguntas e um pacote com textos explicando suas técnicas, muito mais complexas do que aparentam (doei os textos à Biblioteca do Museu Laser Segall, mas conservo a carta assinada por ele).

Anos atrás, li a carta abaixo na coluna de leitores da Folha, e senti uma grande tristeza.

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Se hoje um animador brasileiro como Carlos Saldanha é famoso e celebrado nas mídias, isto se deve apenas ao fato de que ele trabalha nos EUA, país que honra seus artistas.

Os animadores que permanecem no Brasil são esquecidos e para lembrar que existem, precisam enviar uma carta à seção dos leitores dos diários que só divulgam os blockbusters e o que está na moda…

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